18 de outubro de 2017
SÉRIE WOODPROTECTION – BLOCO 2
O segundo bloco do WoodProtection, Ferramentas de mercado, foi dedicado ao Qualitrat®, programa de autorregulamentação do setor de madeira tratada no país, e contou com a apresentação de Fernando Lopes, engenheiro e mestre em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP; especialista em Qualidade pela Universidade do Tennessee (EUA); e Diretor Presidente do Instituto Totum, certificadora credenciada junto ao Inmetro há mais de 10 anos.
De acordo com Lopes, o governo não trata de questões básicas, o que dificulta a fiscalização, então os setores criam suas próprias normas de conduta, exatamente o que aconteceu com o café há cerca de 20 anos, quando diversos fornecedores apresentavam o produto com impurezas: o mercado se uniu, criou uma autorregulamentação e expurgou quem não fornecia café adequado. Hoje, os casos em desacordo chegam a, no máximo, 2% do volume de mercado.
Lopes explicou sobre o nível de independência e credibilidade do Qualitrat, já que ele é dado por uma associação aos seus associados. “A ABPM define as regras, porém não coloca a mão no processo de certificação. Para obtenção do selo na categoria pleno, o trabalho de ir até a empresa e checar se ela atende a todos os requisitos é feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas/SP). Já na adesão, cabe ao Instituto Totum a verificação, que é apenas documental. Na fase seguinte, o Totum envia um relatório à ABPM, sem citar o nome da UPM, com todas as informações sobre o que está ou não de acordo, e a Comissão de Certificação decide se concede ou não o selo”.
Somente as usinas de preservação de madeira associadas à ABPM podem aderir ao Qualitrat e a obtenção da certificação dependerá do atendimento aos requisitos obrigatórios e desejáveis.
O Diretor Presidente do Totum ressaltou que o objetivo do Qualitrat é o disciplinamento do mercado e citou os supermercados que só compram café que tem selo ABIC. Diante de uma pergunta sobre semelhanças entre o Qualitrat e a ISO 9000 (que algumas UPM’s têm), Lopes disse que a certificação ISO 9000 é muito importante, porém genérica, pois se aplica tanto a uma UPM quanto a um hospital, e que o Qualitrat vai além, contemplando, por exemplo, a questão ambiental.
“Hoje, apenas duas UPM’s têm o selo Qualitrat – CBI Madeiras (pleno) e Campo Alegre Madeiras (adesão) – três já estavam em tratativas para iniciar o processo de certificação antes do WoodProtection, e mais duas solicitaram a certificação logo após o evento”, declarou Gonzalo A. Carballeira Lopez, presidente da ABPM. “Mas não estamos satisfeitos, pois ainda é um número bastante baixo se levarmos em consideração o universo de UPM’s existentes no Brasil”, completou.
O presidente da ABPM destacou que programas de autorregulamentação são um poderoso instrumento para definição de boas práticas de negócios de um setor, e que o Qualitrat vai separar o joio do trigo, ou seja, quem produz com qualidade e segurança dos demais.