BOLETIM PRESERVAÇÃO – JULHO 2018
MERCADO
Novas concessões de linhas férreas podem ampliar consumo de dormentes
A crise gerada pela greve dos caminhoneiros, que paralisou o país por 11 dias, provocou um alerta:
é preciso rever os modais de transporte. Um dos reflexos imediatos causados pelos impactos
desses acontecimentos foi a decisão do governo federal de antecipar a renovação de concessões
das ferrovias, as quais vencem daqui quase uma década.
No início de julho, uma série de investimentos da carteira do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) foi anunciada, no entanto, ainda sob a condição de uma análise técnica do
Tribunal de Contas da União (TCU) para autorizar ou não esse tipo de acordo.
Na avaliação da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM), a revitalização e a
construção de novas linhas férreas abriria uma oportunidade de negócios para toda a cadeia
produtiva da madeira tratada. Dados da instituição mostram que o índice de aproveitamento das
toras de madeira de florestas plantadas em dormentes para o setor metro-ferroviário é muito alto,
pois esse produto admite o uso do alburno (branco). “A utilização da madeira preservada propicia
ainda economia, alto desempenho, durabilidade e versatilidade”, explica o presidente da
Associação, Gonzalo Lopez.
O governo vinculou a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), em Mato
Grosso, à mineradora Vale. Em troca, a empresa teria a renovação automática das concessões da
Ferrovia Vitória-Minas e da Estrada de Ferro Carajás. Com a concessionária MRS, o governo acertou
de vincular a renovação de seus contratos à construção do Ferroanel, em São Paulo.
Hoje, Mato Grosso tem pelo menos quatro projetos ferroviários, mas nenhum saiu do papel. A
proposta prevê que a Vale construa 383 km de ferrovia, entre Campinorte e Água Boa, em Mato
Grosso, com custo de R$ 4 bilhões. No caso do Ferroanel, a MRS construiria um trecho de 53 km
entre Perus e Manoel Feio, em São Paulo, com investimento de R$ 5 bilhões.
Outro anúncio recente foi o lançamento do Plano Nacional de Logística, que prevê a expansão da
malha de transportes nos próximos anos. A ideia é deixar um plano pronto para o próximo governo
que tomará posse em janeiro de 2019.
E entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o presidente da Rumo Logística, Júlio Fontana Neto,
disse que a empresa tem R$ 1 bilhão para investir este ano, caso o governo prorrogue o contrato de
concessão de sua malha ferroviária. Já Marcello Spinelli, presidente da VLI, deixou claro que ainda
não conseguiu assinar um contrato de R$ 500 milhões por causa da “incerteza jurídica” sobre a
prorrogação da concessão de suas ferrovias.
Os números citados por executivos durante o 7.º Brasil sobre Trilhos, evento promovido pela
Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) em Brasília, mostram o peso que o
setor privado tem colocado na balança do governo para que acelere o processo de renovação
antecipada dos contratos de concessão ferroviária.
O governo tem reafirmado a intenção de prorrogar, por mais 30 anos, cinco contratos ainda em
2018: Rumo, MRS, Carajás, Vitória-Minas e Centro-Atlântica. São 13,5 mil quilômetros de estradas
de ferro, quase metade da malha de 29 mil km do País, que aguardam definição.
Na prática, já ficou acertado que a Rumo vai recuperar 558 km de ferrovia em São Paulo. A fila da
prorrogação antecipada é formada ainda por 1,6 mil km de trilhos da MRS Logística, que atua no
Sudeste. Depois, viriam os contratos da Estrada de Ferro Vitória-Minas, Estrada de Ferro Carajás e
Ferrovia Centro-Atlântica.
Essas cinco concessões farão investimentos estimados em R$ 25 bilhões ao longo do novo contrato.
Essa cifra, porém, já está desatualizada e deve subir. Somente a Rumo, por exemplo, especula-se
que a previsão saiu de R$ 4,6 bilhões para R$ 6 bilhões.
Estudo elaborado pela consultoria GO mostra que os investimentos previstos para os primeiros dez
anos após a prorrogação somam R$ 12 bilhões.
Já pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) corroboram a decisão de prorrogação
antecipada das concessões ferroviárias, já que seria a melhor saída para o governo estimular
investimentos no setor, além de renegociar termos dos contratos já firmados com as empresas
responsáveis pelos trilhos do País.
O levantamento apontou ainda que os investimentos teriam potencial de gerar quase 700 mil
postos de trabalho, principalmente na indústria e no setor de serviços. Este aumento, por sua vez,
permitiria uma expansão da massa salarial da ordem de R$ 7,1 bilhões. Esses aumentos totais da
demanda e dos empregos na economia têm potencial de gerar um incremento da arrecadação de
tributos de cerca de R$ 3,1 bilhões.
*Com informações do jornal O Estado de São Paulo e FGV
EVENTO
ABPM transfere workshop para agosto
Para unificar duas agendas da programação de eventos da ABPM, a diretoria decidiu transferir a
segunda edição do Workshop para agosto. A proposta é realizar em um mesmo dia a assembleia
geral da entidade, na qual haverá a prestação de contas das atividades da atual gestão e também a
eleição para o próximo biênio, e o evento técnico.
Para a programação do Workshop, representantes de empresas não associadas também serão
convidados, com o objetivo de agregar mais informações e experiências às discussões.
Acompanhe os e-mails enviados pela associação e a página do Facebook da ABPM para mais
informações: facebook.com/madeiratratadaabpm.
NORMALIZAÇÃO
Comissão de Estudos do wood frame avança no desenvolvimento da norma
Na última reunião realizada em junho em Curitiba (PR), a Comissão de Estudos ABNT/CE-
002:126.011, que está trabalhando no desenvolvimento da norma para o sistema construtivo wood
frame foram apresentados novos conteúdos para todo a estrutura do texto. Agora, esse conteúdo
está sob análise dos integrantes da Comissão, que deve se reunir novamente em agosto.
CURSO
Estruturas em wood frame
O wood frame será tema de um curso no Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), entre os dias 15 de setembro e 1º de dezembro deste ano. A
capacitação vai aprofundar os conhecimentos dos participantes sobre a madeira e seu uso em
estruturas e neste tipo de sistema construtivo. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas por
este link: woodframe.faiufscar.com
O curso vai atender profissionais que pretendem se atualizar quanto ao wood frame e também o
apresentará para aqueles que ainda buscam informações sobre o sistema construtivo que tem a
madeira como foco principal. Serão 42 horas/aula de atividades.
As aulas serão realizadas aos sábados, das 8h às 12h e das 13h30 às 16h30. Compõem o corpo
docente o professor doutor Almir Sales, do Departamento de Engenharia da UFSCar; professor
doutor Guilherme Stamato, diretor-executivo da Stamade Projeto e Consultoria em Estruturas de
Madeira; e o engenheiro Jairo Ribas Andrade Junior, diretor administrativo da Stamade e que
possui Mestrado em Estruturas, com ênfase em estruturas de madeira.
DICA DE LEITURA
Manual
O Manual de Tecnologia da Madeira é uma das publicações indispensáveis para profissionais que
atuam nessa área e serve como um ótimo trabalho de referência. Contém tabelas, fórmulas e
padrões. Pode ser usado individualmente ou em conexão com outros materiais, tanto para
iniciantes, para estagiários ou para uso diário no trabalho.
A publicação, que já está na segunda edição, apresenta informações sobre estrutura, corte e tipos
de madeira, além de fundamentos da matemática e das ciências naturais ligados ao tema, aspectos
sobre umidade, proteção contra insetos, fungos e incêndio, além de orientações sobre desenho
técnico, projetos, física da construção e meios de fabricação.
Referência:
NUTSCH, Wolfgang e NENNEWITZ, Ingo. Manual de tecnologia da madeira: elaborado por
professores de escolas profissionalizantes e engenheiros da Europa. Traduzido por Helga
Madjderey. 2 ed, 2008, 354p. Editora Blucher.