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Madeira tratada é solução viável para construção de pontes

Sugestão de pauta
16/10/18
Madeira tratada é solução viável para construção de pontes

Estruturas mistas de madeira e concreto podem gerar economia de recursos
Os projetos de pontes de madeira, assim como outras estruturas com este tipo de material,
evoluíram nos últimos tempos. De acordo com os especialistas, a partir do uso da madeira
preservada corretamente e com as técnicas adequadas, além da manutenção periódica, as
pontes de madeira podem ter uma longa duração e serem muito eficientes.
O engenheiro Guilherme Stamato, especialista em estruturas de madeira, explica que os
projetos de pontes devem levar em consideração alguns pontos, como os cuidados com a
fundação. Nos casos de estruturas mais elaboradas, também é necessário prever uma
proteção para a madeira não ficar exposta à chuva. “Isso nos casos de sistemas de vãos
maiores, com vigas duplas, pórticos e treliças”, comenta.
Stamato lembra que outra solução bastante interessante com madeira é utilizar as vigas com
este material e fazer uma espécie de capa de concreto por cima. “Os veículos passam pela
parte do concreto e a madeira desempenha o papel estrutural. Isso gera uma economia para a
obra”, afirma.
A Madtrat, empresa de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) associada à Associação Brasileira de
Preservadores de Madeira (ABPM), tem um case justamente com este tipo de construção, em
uma ponte mista. “Já existem pesquisas e estudos que mostram os benefícios e os bons
resultados”, aponta Jackson Cesar Correia, diretor comercial da Madtrat. A empresa fez a obra
para o governo de São Paulo, na qual a madeira tratada foi utilizada neste formato.
Além destes detalhes com o projeto, deve-se observar muito bem a madeira escolhida para a
ponte. Stamato lembra que a madeira tratada deve seguir as normas da NBR 16143. O
engenheiro ressalta que a conservação da madeira varia conforme a exposição do tempo
prevista e isso deve ser levado em consideração no caso de projetos de pontes. Ou seja, o
fornecedor deve escolher uma madeira tratada de qualidade e que tenha passado por um
processo para este fim.
Cesar Correia esclarece que a madeira utilizada em pontes passa por um tipo de tratamento
diferenciado em relação à madeira destinada para outros usos – mais reforçado -, sempre
seguindo as normas técnicas. “Além da questão da exposição, a ponte tem outro ponto a ser
pensado: a substituição das peças é mais complexa”, lembra. Além disso, o diretor da Madtrat
fala que a escolha da espécie de madeira também faz diferença no projeto, juntamente com a
qualidade da matéria-prima e o tratamento aplicado.
Tudo isso vai garantir a eficiência e a vida longa da estrutura, juntamente com as manutenções
periódicas. “As inspeções devem acontecer pelo menos uma vez ao ano. Elas podem identificar
algum ponto frágil e garantir alguma ação enquanto é cedo”, salienta Stamato.
Na percepção do engenheiro, a maior parte das estradas não passa pela manutenção correta.
“O que vemos na prática são pontes sendo consertadas no período do escoamento da safra,
de última hora, e sempre com os mesmos erros”, avalia o engenheiro, lembrando que as
pontes de madeira estão localizadas principalmente nas áreas rurais, seja em estradas vicinais
ou dentro de propriedades.

O engenheiro acredita que as pontes com madeira tratada são um nicho interessante de
mercado, ainda mal explorado, pois ainda há a percepção de que a madeira não é um material
durável. “Infelizmente, estas pontes são feitas sem os cuidados necessários e depois sem a
manutenção correta. Depois, quando aparecem os problemas, dizem que o problema é a
madeira”, conta.
Stamato avalia que, para reverter este quadro, será necessário esclarecer as vantagens da
madeira e seus benefícios a longo prazo, incluindo a economia na obra e na manutenção.
Correia complementa: “as pontes de madeira são construções de rápida execução”.
Manual
O Brasil conta com um manual de projeto e construção de pontes de madeira. Coordenado
pelo professor Carlito Calil Junior, do Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira
(LaMEM) da USP de São Carlos, a publicação apresenta as recomendações para o projeto,
dimensionamento e disposições construtivas de pontes tecnológicas de madeira com diversos
sistemas estruturais e construtivos em vigas e em placas. São apresentados exemplos de
projeto com diversos vãos, classes de resistência de madeiras de acordo com as normas
brasileiras da ABNT.
A iniciativa, que contou com a participação de profissionais da Associação Brasileira de
Preservadores de Madeira (ABPM), fez parte do Programa Emergencial de Pontes de Madeira
do Estado de São Paulo, Projeto Temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP), realizado entre 2002 e 2007.
O manual está disponível para download .

Assessoria de Imprensa ABPM
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